É sempre assim, na hora de dar, você escolhe não dar nada, sempre nada, talvez porque ache que pouco pra mim não serve, porque pouco pra você não serve, porque muito você não dá conta, muito você não pode, porque supostamente só muito me serve. E, ironicamente, receber nunca é demais, eu sei, que feio você nunca ter conseguido correr de mim por se cobrar receber menos, eu não preciso dar menos, não é?! O problema é você, eu entendo, e eu que encontre alguém do meu tamanho. Quem não entende nada é você, nunca entende nada, acha que me conhece, acha que se conhece, acha que eu nos conheço e que um de nós está sempre prestes a desmoronar, então, melhor desmoronar bem de longe.
Covarde, é isso que você é, por querer se responsabilizar sozinho pelo seu desmoronamento, por querer que eu me responsabilize sozinha pelo meu, quando os destroços são igualmente nossos. E escolhe sempre o caminho mais difícil, de achar que se um de nós se segurar no outro, na hora agá alguém vai sair correndo, se magoar ou o diabo a quatro e qualquer bicho de trocentas cabeças. Eu não vou sair correndo, seu imbecil, e posso entender e até perdoar se você o fizer. Mas se você não acredita no que sentimos, nenhum contrato pode nos garantir qualquer coisa, pelo amor de Deus!
Eu também não peço nada que você não tenha, de bom grado, antes me dado. Então não haja comigo como se me devesse qualquer coisa além do que nós podemos ser juntos, ou como se tivesse que sumir pra eu não cobrar. Eu não vou cobrar, o convite é bem contrário, pare - por Deus, pare! - de se cobrar tanto, achando que quem não pode dar é você. Dê de si o que pode, como sempre foi! E deixe também eu me responsabilizar junto, reponsabilize-se comigo, ninguém aqui precisa de culpas.
Eu sempre acreditei, eu sempre soube, que esse muito é seu e, sinceramente, sempre achei que fosse muito, sempre achei que fosse tanto! Talvez por não entender de matemáticas clássicas - números nunca me importaram se não representassem alguma história, e a nossa história eu conheço, vejo, sinto, devoro os detalhes, os mínimos detalhes... e você pode suportar, sim, ser tão grande pra mim, tão muito, tão tudo, porque quem não suporta diminuir tudo isto sou eu. E se eu não consigo lhe mostrar isso, perdão, por favor, venha aqui, não vá embora, não, fique, do tamanho que você quiser, amor, eu quero e admito, por você, a culpa é toda minha.
(Para Ismael, com carinho.)
8 comentários:
Ahhhhhhhh e aqui estão as palavras que você decifra no seu mundo e eu tomo pra mim e faço de legenda no meu filme. Porque é mesmo desse jeito que eu me sinto e você acertou em cheio quando disse que deste aqui eu ia gostar, e eu te digo, Gabi, que gostar é pouco. É impossível sair ileso depois de uma "gabrielada" dessas, e eu estava precisando gabrielar hoje... porque você tem alguma coisa diferente no seu coração que faz ele conversar com o meu em forma de palavras confessadas pra ninguém ouvir. Eu vou ler isso aqui muitas vezes ainda, até tirar toda a energia que preciso e que está dando sopa nas entrelinhas.
Gabi, quero deixar registrado aqui também o quanto fiquei contente pela dedicatória. Muito obrigado.
O vigor dos seus textos é encantador.
Zele seu talento por nós.
Grande abraço.
Nossa, que lindo!
Quem não deliraria com um texto como esse?
Tanta profundidade comove!
Já te sigo.
Beijo grande! ;*
Belíssimo texto Gabriela.
Muito tudo; tudo muito. Mas se não der, o possível basta! Sem culpas.
P.S. E que bom que as portas da catedral do silêncio foram rompidas.
A desculpa do sábio da montanha.
Odeio sábios da montanha.
Losterh, eu também odeio. ;)
Gabriela, o texto tem o tom de uma carta de amor - bela cartada.
perfeito
exatamente o que eu queria dizer pra alguem. hoje.
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