quarta-feira, 6 de outubro de 2010

COM LICENÇA

AGORA É A MINHA VEZ DE DESABAFAR SOBRE POLÍTICA:

Não pretendo aqui defender qualquer partido ou candidato em detrimento de outro, pelo contrário, que fique bem claro, porque nenhum deles é/foi pior que qualquer outro que o tenha antecedido ou com quem concorra. E o que mais tenho visto e ouvido são exageros reacionários ou revolucionários.

O que me entristece é que não houve sequer UM candidato à presidência com projetos de investimento em educação (desde a básica). Ou seja, não adianta falar mal de um pra tentar eleger outro, porque no final das contas TODOS eles vão continuar com governos assistencialistas, já que político nenhum tem interesse em educar uma população que, alienada, acha que o governo é que é o único responsável pelas mazelas sociais. Culpar um governante ou governo pela miséria do povo é legitimar o poder e dar espaço para virem mil outros fingindo que fizeram alguma coisa, para continuarem, enormemente apoiados, chafurdando com os “governados” na lama. Estou de saco cheio de politicagem e precisava desabafar, me desculpem.

É tão fácil reunir uma galera apaixonada, entusiasmada, tesuda, se as causas são Deus, comunidade no orkut, família colorida, jogo no facebook, tag engraçadinha no twitter... por que é tão difícil quando o assunto é política? O que o Brasil precisa, penso eu, é parar de se vitimizar e acordar para a vida, parar de legitimar os líderes e começar a legitimar o povo em sua insatisfação. MAS, ATENÇÃO, VOTOS NULOS NÃO ANULAM ELEIÇÃO (vide http://www.leopacheco.com.br/blog/?p=326), ou seja, ninguém está interessado mesmo no fato de você achar que não há um bom candidato. O meu convite aqui é: vamos pensar juntos, conversar, fazer a nossa parte, a educação começa entre nós... alguém conhece um jeito? Alguém tem uma idéia? Uma informação relevante? Alguém aí disposto a pensar e agir coletivamente?

Mas se você continua se limitando a falar mal de um para eleger outro, indo lá na urna, na hora da eleição e elegendo o político menos ruim, seja porque acha que não tem mais jeito, seja porque, ingenuamente, acredita que um cara só ou um partido só vai consertar as coisas, eu sinto muito, mas nós temos, sim, os representantes que merecemos.


“Afirmo que o sonho capitalista burguês de felicidade deve ser combatido de forma constante e efetiva, seja no plano político ou no plano psicológico, porque a sua ideologia nasce de pessoas incapacitadas para qualquer tipo de opção livre e que já se submeteram, voluntária ou involuntariamente, a uma vida de incompetência e de impotência orgástica vital. Assim, a esperança de vir um dia a ser feliz transforma-se, para eles, numa espécie de droga que os torna dependentes. Essa dependência, pelo menos, os mantém aparentemente vivos, embora sem tesão algum e anorgásticos, quer dizer, mortos, mas ainda insepultos. Por essas razões admito que foi incompleta a frase famosa de Marx, quando disse ser a religião o ópio do povo, pois me parece que também o são o amor e o poder político, inclusive o marxista que promete o paraíso comunista aos soviéticos há quase um século.

Esses fatos podem nos levar à afirmação de que na sociedade burguesa os mortos comandam os vivos, num processo de desvivência progressiva, contra o qual, nós, os que optamos pela ideologia do tesão, temos de nos insurgir de forma radical e violenta. Eu, por exemplo, estou berrando que morro, mas não desvivo!”

Roberto Freire, em “SEM TESÃO NÃO HÁ SOLUÇÃO”.

16 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se o Tirica é um voto de protesto ou se é a falta de conhecimento e interesse político do povo... Sinceramente já não sei se ainda há jeito de arrumar a casa chamada POLÍTICA... Vamos lá, quem decide as leis são eles, quem decide o valor dos salários governamentais são eles e adivinha? Quem comanda as CPI's são eles... Agora complicou... Eles tem a faca e o queijo em mãos, e nós??? Temos o voto!!! Mas a grande maioria desses nem sei se posso chamar de voto, afinal vale uma cesta básica, um saco de cimento, dentadura e várias promessas... Enquanto isso nos hospitais: ausência de médico, ausência de vagas e acreditem... ausência de sabão!!! Acreditem...
Nas escolas... kkkkkk Parece piada... Aluno que não sabe lê passa de ano, afinal repetir agora é contra a lei...
Mudar??? É complicado... Mas ELES dizem em seus governos que tudo anda em plena perfeição...

Acho que estou vendo demais!!!
(Tô preocupado)

BH... Se eu não estiver vendo demais acho que sou eu sim!!!! rsrsrs

Chris Rocha disse...

Oi Gabi, eu tenho uma ideia: que tal filtrar mais as informações dadas pela mídia? Ler jornais, revista, assistir telejornais sim, mas sem jamais perder o senso crítico? Pelo que vi no 1º turno, houe apenas um espetáculo de tendenciosidade que puxa vida! Além do que, as pessoas me pareceram papagaio, repetindo sempre os mesmos argumentos, com os mesmos discursos. E discutir qualquer assunto, seja política, religião, ou qualquer coisa, com gente intransigente e sem opinião própria é muito...broxante.

Beijos e parabéns pelo blogue! Sempre que posso, acompanho suas atualizações também.

Chris

Gabriela Maria disse...

Pois é, Chris e BH, eu também vejo as mesmas coisas que vocês e fico indignada, louca da vida, principalmente por ser tão difícil CONVERSAR sobre política. Esse assunto virou sinônimo de candidatos e partidos. Você não consegue mais falar construtivamente, só consegue ouvir brigas de argumentos polêmistas (legalização de aborto ou drogas, corrupção, criminalidade, preconceito, má distribuição)... é a maneira de falar do assunto que precisa mudar, penso eu... ensinarmos uns aos outros que o buraco é mais embaixo e descobrirmos juntos onde é o buraco. Mesmo assim a esperança em mim é rasa e e rala. A situação é tão grave que até a esperança em nós já é assistencialista. =/

Anônimo disse...

Isso também me incomoda. Falar sobre o assunto e amadurecer opiniões é uma forma de contribuir afim de mudar o cenário atual.


Jeferson

Gabriela Maria disse...

Concordo, Jef.

Losterh disse...

Achei você meio exagerada. Embora que, quando o assunto é esse, é difícil outra postura senão a insatisfação.
Mas não acho que os políticos sejam iguais como você disse. E há propostas para a melhoria da educação básica na presidência. Uma delas é do Serra, que propôs implementar no ensino básico uma professora auxiliar para ajudar na alfabetização.
E sim, ainda é muito forte a política assistencialista, mas isso é porque o povo pede. Um candidato que falar que não continuará com as esmolas está automaticamente destacado. Triste, mas fato. O PSDB - a propósito, o criador do "Bolsa Família", na época do FHC, com o nome de "Bolsa Escola", que ajudava as famílias mais carentes e tinha pretensão de mutar para só ganhar esse direito alunos que fossem bem na escola e que integrassem em um ensino profissonalizante, assim que houvessem mais escolas técnicas. Mas o Lula pegou as pequenas bolsas do FHC e só continuou, generalizando todas no "Bolsa Família", o carro-chefe de sua eleição. Que ironicamente, quando concorreu para a presidência, disse no discurso que era uma vergonha um país como o nosso ter uma política assistencialista.
A parte dessas contradições, acho que não dá para resolver todos os problemas de uma vez. Não há uma varinha de condão que construa obras viáveis e restaure projetos capengas que pessoas acreditam que precisam. E quanto a imprensa, as estatísticas e os próprios políticos além de vilões, também são reféns do que a população quer. Não dá só pra sair dizendo que nenhum candidato presta; nem que seja alguma coisa eles serão obrigados fazer, nosso país está em desenvolvimento e há muito dinheiro envolvido nisso.
Quando falou que os políticos querem manter a população alienada, eu concordo. Mas população alienada não é só aquela que tem baixo estudo e que não se preocupa em discutir política; também somos nós que vamos atrás de informações e temos algum estudo. Também estamos no escuro, sem saber o que se passa na cabeça deles, tentando pegar falhas para distinguir o joio do trigo. Não somos menos manipulados porque estudamos. A verdade só vem quando o fato acontece, tristemente.
Por isso, acho que temos - porém, sem fanatismo - discutir sim os candidatos. O currículo deles, o que já fizeram, sua postura. E não para interferir no voto alheio, mas para agregar mais informações e diferentes pontos de vista. E também esquecer de levar em consideração as estatísticas e votar em quem acha que é correto. Pra poder usufruir pelo menos do pouco que nos resta de democracia.

Gabriela Maria disse...

Concordo com você, Letycia, na questão de que há muito mais coisas concretas a serem discutidas e concordo que somos igualmente alienados, mas há aqui um mínimo de crítica e questionamento (ainda que esta seja mais uma cultura pela qual somos laçados).

Mas o que estou falando são das discussões que considero rasas, sensacionalistas, como se fossem brigas de times de futebol e que ninguém educa ninguém a nada, é como discutir religião tentando converter um fiel ou um ateu.

As propostas de educação, bem como esta que você citou, visam investir em quantidades (aumentar vagas, aumentar professores, aumentar isto e aquilo), e não em qualidades. E, nós bem sabemos, ensinar um aluno a ler ou a somar nao necessariamente o ensina a pensar.

A respeito das estatísticas, você bem discorreu sobre o tema naquele seu post, e concordo plenamente.

Concordo também que fui radical, beirando a utopia, mas como vc disse, é aonde a indignação relativa a esse assunto geralmente tem nos levado. É bom tomar umas sacudidas em comentários comos os seus. Valeu. =)

Losterh disse...

Inclusive, esqueci de falar mais uma coisa. Que a idéia central do seu texto é extremamente pertinente.
Em época de eleição, o que não falta são sociólogos de temporada execrando opiniões baseadas no oba-oba "taca pedra na" política.
Reclamam da falta de compromisso e respeito dos políticos e os próprios que reclamam não assumem nenhum tipo de respeito ou compromisso com a política.
Encerro com a frase:
"O maior castigo para quem não se interessa por política é ser governado por" um pilantra "que se interesse".

Vital disse...

Olá Gabriela, cheguei até teu blog através de um comentário que você fez sobre o Crepúsculo com o qual me identifiquei.

E fiquei ainda mais satisfeito ao ler rapidamente um pouco do que tem escrito.

Não acho que sua opinião foi extrema nem utópica, pelo contrário, muito lúcida e sensata, a citação do Roberto Freire reforça com muito embasamento sua idéia. A questão política no Brasil deixou há muito tempo de ser partidária. De fato é perda de tempo discutir isso, porque o problema não está nos partidos e/ou nos indíviduos políticos e seu caráter humanamente falho, mas na representatividade da qual nos tornamos reféns. A nossa democracia e liberdade de expressão de butequim. É uma questão histórico-cultural que renderia muito assunto ainda mas não quero ser um chato no comentário.

De todo modo foi uma prazer ter chegado até aqui. Tomo a liberdade de acompanhar teu blog e continuar te lendo.

um abraço.

Robson Ribeiro disse...

Um povo sem educação = gente que não sabe questionar = pessoas que são facilmente enganadas = indivíduos sem forças e sem base para lutar pelo que é seu por direito.

Gabriela, parabéns pelo blog.

Beijo.

Carlos Pegurski disse...

... pois paz sem voz não é paz, é medo.

E o Freite tem razão. Essa felicidade em devir - seja o céu socialista ou a sociedade efetivamente cristã - deve começar por agora. E não basta começar já: é preciso que ela saiba sobre o que caminhar e vislumbre aonde chegar.

Nesse sentido, você tem razão quando diz que os presidenciáveis que conhecemos nesse ano são bastante medianos e homogêneos.

Bom o blogue, heim?

Abraços,

Carlos.

Gabriela Maria disse...

Vital, Robson e Carlos, ótimo receber vocês por aqui e poder conversar sobre o assunto, trocar idéias, lendo o que vocês pensam.

Sejam bem-vindos e obrigada.

Lívio disse...

Gabriela, por si, sua postura é louvável, pois está longe da esculhambação que anda reinando, seja por parte de políticos ou de eleitores.

Você mesma mencionou, num comentário acima, as vezes em que a política é "discutida" como se fosse um embate entre dois bobos torcedores de futebol.

Seu texto está longe desse tom, e embora seja um texto preocupado e um tanto decepcionado, é sintoma de que nem tudo está perdido.

Gabriela Maria disse...

Obrigada, Lívio... ler seu comentário me desafoga um pouco. =)

Rob Novak disse...

O problema é perder a capacidade de pensar por si mesmo. Aceita-se aquele que melhor combinar com seu tom de voz, sua gana pela mudança (sem ter necessariamente projetos), sua vontade de poder e tendência ao autoritarismo eficiente.
Arrisca-se o pescoço (e o valor do voto) por uma ideia essencialmente maligna, polida por valores seculares que resultarão nada.
Para mudar isso, precisa-se SER alguém. PARECER não é suficiente.

Gostei do teu blog. Quando puder, apareça no meu. Tem um texto interessante que publiquei há alguns dias:
http://rob-novak.blogspot.com/2010/09/tive-uma-ideia-sera.html

Abraço!

Adriana disse...

Política é sempre algo tão complicado de se discutir né?! Assim como religião e futebol rsrs.

Uma primeira observação que tenho que que o Serra apresentou um projeto de investimento em educação. Não vim aqui para fazer com que você vote no mesmo candidato que eu, mas assim como o projeto de educação, o Serra foi o ÚNICO em todas as eleições que eu ouvi falando que irá colocar médicos especializados nos postos de saúde, hospitais e policlínicas (afinal... de que adianta postos, hospitais e policlínicas se falta médico).

Sobre os votos nulos, achei muito importante seu destaque. Muita gente ainda acredita que votar nulo anula eleição (o que virou crendice popular). Precisamos votar pela educação, pela saúde, pela segurança. Chega de eleger gente que SÓ sabe ler e escrever!

Eu não quero votar num candidato "menos pior", mas que eu acredite que vá fazer alguma coisa por esse país.

Parabéns pelo seu desabafo e pela sua sanidade ao falar de política!