(das linhas à Vera.)
Estou fazendo tratamentos sim - com medicamentos, terapias, voltei a cuidar da minha espiritualidade - porque nos últimos meses, antes da tentativa de suicídio e da minha internação, andei muito cética e cínica em relação ao mundo, à vida (você deve ter percebido pelos meus textos anteriores)... sem esperanças, nada fazia o menor sentido; abatida e afogada numa morbidez de que só a experiência na clínica psiquiátrica conseguiu me tirar.
Foi me envolvendo na coletividade de pessoas desadaptadas, como eu estive a vida inteira, é que descobri, ou melhor, me certifiquei de que o nosso real problema é, sempre foi, excesso de amor, de cuidado, de humanidade, que são agredidos, desrespeitados, pisados e, por isso mesmo, medrosos, escondidos, e muito solitários, ao longo da vida... porque, você sabe, a gente vive neste mundo onde os valores aprendidos são muito outros - de desumanidade burguesa alienante e extremamente bárbara.
E o que fazer senão aceitar "adaptar-se"? A velha estratégia de juntar-se ao inimigo para, então, talvez, poder contra ele, pois não acredito que excesso de humanidade é que seja a doença, não acredito pois, que haja doença em qualquer um de nós - os literalmente (im)pacientes modernos. Tudo isso mais as coisas que vão muito além do que qualquer materialidade consegue explicar - assunto que tentei silenciar em mim durante os meus vinte e dois anos e que, enfim, também explodiu, mas fica para uma próxima conversa nossa.
E seus dias, como estão? Fale-me um pouco mais de você. Obrigada pelas palavras, pelo carinho, pela atenção.
8 comentários:
Oi Gabi!
Em primeiro lugar, parabéns pela coragem de expor-se tão cristalinamente.
Talvez todos que gostamos de ti tenhamos um pouco de culpa por tudo o que passaste pois, como vampiros silenciosos, bebemos tuas angústias deixando de perceber - conscientemente ou não - o caminho perigoso por onde andavas. E assim não fizemos soar o sinal de alerta, deixando-te à deriva.
De qualquer forma, que bom que estás te reconstruindo, pois queremos vê-la bem. É uma jornada dura, mas um clichezinho nem sempre faz mal: "um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar". E pode contar comigo para o que estiver ao meu alcance.
Bjo. grande.
Obrigada, Jorge... dá medo me expor assim... mas as notícias sempre correm e todo mundo que eu nem queria que estivesse sabendo das coisas já estão sabendo... e se tem um lugar onde eu me sinto acolhidas nos meus melhores e piores dias, é aqui no blog. Não se sintam vampiros, nem culpados. Fui eu quem me senti culpada e ainda me sinto por ter expressado em meus ultimos textos tamanho desespero e cinismo, mas se isso ajudou a desafogar alguém se ajudou a abrir as janelas pra alguem respirar, saiba que cada vez que vocês passaram por aqui, acolhendo e se identificando com as minhas palavras, eu me senti solidarizada, me senti de mãos dadas, me senti forte. O blog, durante todo e muito tempo me manteve viva e vai continuar mantendo. Eu preciso de vocês. Muito obrigada.
Gabi.
sinceridade tão transparente que chega a ser agressiva.
ora, quem nunca se sentiu assim é quem nunca experimentou tocar de fato, a vida.
conte comigo. :*
Amiga, confesso que sempre atribuí o tom de seus posts a um estilo, e não a um estado de espírito. Somente agora eu soube do ocorrido e fico feliz que tenha superado uma fase e renascido. Também precisamos muito de você, de sua palavras, de seu carinho e de sua atenção.
Um fortíssimo abraço e tudo de bom em 2011! Conte comigo sempre!
faz parte da teoria da evoluçao das especie de darwin: quem nao se adapta, morre. desaparece.
a vida é isso, uma eterna tentativa de adaptaçao ao meio, as pessoas, aos lugares e cultura. num momento meio "inadaptavel" da minha vida, fui apresentado a um livreto chamado "os devaneios do caminhante solitario" de jean-jacques rousseau. se me permite, te recomendo.
um abraço e um 2011 iluminado pra voce.
[desculpe a falta de acentos, teclado em ingles]
obrigada pela sugestão,pela visita e pelos votos de feliz 2011. tudo de bom pra vc.seja bem vindo ao blog.;)
Manoel, não há nada aqui que não seja pura estética e não há nada aqui que não seja pura biografia. Obrigada por se dispor, pela amizade. Feliz 2011! Tudo de melhor pra vc! ;)
Gabriela, que você ache seu equilíbrio.
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