quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

LÓTUS

"Epigrama do Pássaro

Precisamos deixar algo para a posteridade,
disse o poeta , contemplando o gari
que recolhia o lixo da cidade.
E o pássaro que não deixa nenhum canto
após a morte
e se limita a ser vida no ar perene
que habita o instante
em silêncio pousou no ramo de uma árvore."
Lêdo Ivo

E o poeta registrou a despretensão simples do pássaro para a posteridade presente - "Uma alegria para sempre", já dizia Mário Quintana:

"As coisas que não conseguem ser
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer."




(grata à Guilherme Bessa, Bubble Queen e Sheila pelas dicas que me inspiraram o post, dedicado à minha Tia Lililda.)


Faça florir em você a dor de ver partir a quem se ama, porque muitos outros o amam, muito antes sequer que você parta. Eu amo você.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre o texto eu até queria comentar...
Sobre o vídeo, faço questão: é "uma coisa", sendo assim, não tenho palavras.