- Você quer saber por que eu mato pessoas? Pra impor respeito.
- Como assim?
- Algumas pessoas só te respeitam por medo. E mato quando sinto vontade, quando quero forjar algum controle, ou impressão de controle, sobre alguém.
- Quem você pouparia?
- Pouparia, não. Eu poupo. Poupo quem me respeita sem sentir medo de mim, mesmo que discorde. E poupo quem não tem medo de morrer, eu é que não vou fazer esse favor a ninguém. Mato pra desfavorecer. E também me disponho a ser convencido de critérios diferentes e até contrários. Você, por exemplo, está na sua hora, o que você vai dizer pra me convencer de continuar vivendo ou de morrer?
- Eu não tenho medo de você, mas também não me importo em morrer ou viver. Acho até bom que você assuma o controle e decida por mim.
- Não, eu já disse que não faço favores. A sua dificuldade é decidir? Decida você sobre o que você quer e tente me convencer. Eu espero.
- Mas eu não tenho critério. Talvez até tenha, e o meu único critério é sentir até ficar insuportável, é só quando insuporto que consigo decidir. E agora tudo que eu sinto é medo, não de você, mas de decidir antes de insuportar.
- Insuportar o quê?
- A vida ou a morte. Ainda são suportáveis agora, mornas demais. Não desejo nenhuma das duas com a força que eu gostaria. Você já decidiu por si?
- Não. Nunca por mim. Meu limite é decidir pelos outros, quando eles acham que podem muito decidir por eles mesmos. Tome a arma, é sua. Decida você por mim, não me importa. Controles não existem.
- Só porque eu também sei decidir apenas pelos outros, é sempre menos difícil. Então, até que eu encontre alguém que se sinta bem em decidir por mim, isto é por puro respeito... a nós dois. - Alguém no corredor ouve o tiro e entra: "Meu Deus, ele está morto! O que é isso?" - Você quer saber por que eu mato pessoas?
8 comentários:
hehehe dá vontade de fazer um curta :-P
É isso que da quando deixamos o nosso destino na mão dos outros.
Ligue 0800-123456 para votar no final A
Ligue 0800-654321 para votar no final B
O nosso final, você decide.
Raul, mas o primeiro tbm nao perdoava quem não deixava. E aí? oO
Isso, ele decidia o final dos outros, e deixou que decidissem o dele.
Pensando agora por esse lado, nada mais justo que isso.
Mas a questão é que, ninguém decidiu seu próprio final.
Será q ninguém decidiu o próprio final? Será q tem jeito d decidir sozinho?
Eu também mato pessoas!!! Pessoas que em troca da minha atenção, só retribuiu com a solidão... Pessoas que pedem para entrar em minha vida, mas acabam me desafinando... Pessoas que sem mesmo conhecer, conseguem desperta-me essa vontade, por tentar matar os sonhos de quem não consigo matar...
Olha a sua volta!!!
Você está VIVA!!!
Não te matei, e sim ei de te proteger...
Agora se eu quero saber o porque matas??? Não, assim não poderei ser quem sou quando estou com você... Quero ser eu mesmo na totalidade, sem freios e sem medos...
Bjus
BH
Espiral fatal.
Fantástico o texto!
E olha que há muitas formas de se matar uma pessoa ou, pelo menos, de feri-la bastante.
Amei.
Um beijooo, Gaby.
Pedro Antônio
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