quinta-feira, 17 de março de 2011

DE NIETZSCHE

É inveja, é revolta, é desdém - dos mais puros - o que eu sinto agora. Dessa gente obviamente muito menos competente, menos inteligente, menos sensível, menos sagaz do que eu, que, de repente, como se eu merecesse o castigo, enquanto minhas genuínas asas amarradas observam, alça vôos com asas de papelão. Como é que pode eu me deixar mutilar deste jeito? De onde foi que vieram estas amarras? Como me desvencilhar delas sem  podar minhas próprias asas para não ser passarinho a ciscar no chão? Chão não é lugar de pássaro e céu não é lugar de centopéia. Chovem centopéias com asas de papelão. Está tudo errado. Errada estou eu - e quem sou eu para julgar alguém centopéia no sentido mais pejorativo da metáfora? Que lírica horrorosa! A mais feia que já escrevi. Pois é como está o meu mundo - invejoso, cheio de raiva da vida, dos outros e de mim mesma. Como foi que (não) cheguei aqui? E desta feiura eu nem ao menos consigo arrancar uma sequer palavra avassaladora de esperança, um mínimo clímax ou qualquer reticência que termine o texto em epifania. Paciência? E se eu não amanhecer viva? O que foi da minha vida? Palavras jogadas a um vendaval de desabafos (in)sensíveis? Terá isto algum valor diante de Deus? Terá isto algum valor aqui, diante dos homens? Lágrimas no papel turvam a vista, as linhas vão se acabando junto com o texto. Não há mesmo mais nada a dizer... deve ser este o tal do niilismo.

Um comentário:

Alisson Bolina disse...

Gabi sabe quando vc está lendo o texto e tem a sensação q vc está o escrevendo?? eh isto q eu senti quando o li. Parabéns, vc realmente descreve perfeitamente seus sentimentos e que muitas vezes nos indentificamos. Obrigado por fazer isso. Ainda existe esperança, talvez n no seu texto, mas no final da música...Então sempre existe!