terça-feira, 22 de março de 2011

SOBRE A PLENITUDE

Às vezes tenho de conviver com este vazio que é querer pessoas a perseguir mas sentir-me impelida a não fazê-lo, talvez pela própria inércia. É um querer estar sozinha, sem querer. Ou um não querer estar sozinha, em verdade, querendo. A solidão de fato, esta sem pessoas em volta, que sempre me aterrorizou tanto por sua possibilidade, hoje me desaquieta pelo seu excesso de paz. Há, aqui, uma paz que grita para que alguém mexa nestas águas - uma pedrinha, um aguar de pés, que seja, não precisa ser necessariamente um mergulho. Aliás, não mergulhem mais em mim, sou hoje represa cercada, visto o perigo que me ronda: cada um que aqui mergulhou saiu contaminado de minhas águas e, nesse mergulho, invariavelmente, a cada nova vez, eu me afoguei nas profundezas sem modéstias de mim mesma. Uma represa perigosa, embora frágil, cercada, bem em meio a uma metrópole povoada de vândalos, ingênuos e indiferentes. Quem passará por mim com olhos, mãos e pés de... sou feita para brisas, peixes e passarinhos. Os transeuntes que observem e se deliciem com o transcorrer deste - eu - insuspeitável bioma.

3 comentários:

Anônimo disse...

amo vc... nem to mais com raiva

Hellen Dirley disse...

Bela Bebela,

A contaminação que emana de você e com a qual me deleito, com os vírus, as bactérias e demias... São as especias escritas que ressoam de você.
Parabéns bela escritora! E, ainda que você não queria, podemos sim, escolher nos contaminar deliciosamente de você. O que não implica, necessariamente, invadir sua solidão (ou escolha de privacidade).
Saudades...
Fique bem, esteja bem.
Beijos afetuosos!!!

Gabriela Maria disse...

Obrigada, Hellen, obrigada, Brendinha. Vocês são muito importantes pra mim. São minhas brisas, meus passarinhos e meus peixes. =*