(para Hellen)
"O amor supera tudo, meu filho, mas nem tanto" - foi isso o que ouvi de uma paciente a outro lá na psiquiatria num dos dias em que estive internada. Seu último e-mail fez-me relembrar todos os seus comentários, desde o primeiro, aqui no blog, e fiquei pensando em como eu sinto você, vezes como mãe, vezes como filha, mas de maneira perfeita, com aquela troca justa que a gente não consegue fazer entre pais e filhos genuínos, porque provavelmente, como diz a Clarice, que tanto gosto de citar aqui, já viemos mesclados ao erro. Nós filhos e nós pais (para os que já o são) temos sempre os nossos limites - e de direito!
Sabe, nos meus delírios (?) mais profundos, fiquei pensando na Bíblia, na Criação do mundo, pensando que Deus pode, sim, ter errado - ora, árvore do conhecimento mais livre arbítrio seria mesmo possível igual à desobediência. E Adão e Eva? Como poderia Adão saber amar se não existia antes alguém para ser por ele amado(a)? Então aprenderam-se o amor quando existiu a mulher. Parece-me impossível, assim, que um homem ou uma mulher saibam amar, simplesmente, sozinhos. Mais, ainda sobre Adão e Eva, tiveram seus filhos e seus filhos tiveram filhos com quem? Então, o incesto é regra universal, por quê? E se o Fim do Mundo não se tratar do desaparecimento de tudo o que existe? E se for, ao contrário, o fim (como final e finalidade) da Criação - a reconciliação do masculino com o feminino e do humano com o sagrado? Por humano entendo o pecado do conhecimento - que hoje consumimos compulsivamente por Palavra e Ciência.
E se amanhã descobrirmos que conseguiremos ser pais e filhos perfeitos para os nossos genuínos filhos e pais e que o amor realmente supera tudo? Será muita utopia, muito delírio ou basta-nos acreditar e tentar fazer acontecer? Eu realmente não sei, mas ainda acredito no livre arbítrio, então fico com a última opção.
Obrigada por tudo. Mil beijos em todo o rosto.
Gabi.
3 comentários:
Bebela,
Não tenho palavras... estou estupefada!!!
Mas, que no meu silêncio, chegue até você a emoção que me proporcionou.
Recebo e devolvo cada um dos mil beijos: em seu coração... reconstruindo-nos (o amor).
Consigo ver as nuvens se afastando, a relva secando, o dia se abrindo e as flores crescendo. Hoje, nada além de Hoje, eu soube que serei pai de uma menininha, que mesmo tão pura, mesmo tão amada e cuidada haverá de cometer seus erros... e mesmo assim, como não amá-la? Como não esperar que como nos velhos tempos, iremos rir e chorar ao mesmo tempo de tudo que há passado? Te amei pela sua doçura e seu talento, por sua compreensão e discernimento e também por sua loucura com fundamento e agora mais ainda pelo seu esplendoroso ressurgimento.
Obrigada, Rafa! E, mais uma vez, parabéns!!!
Hellen, recebo seu silêncio e te entrego o meu: o silêncio finalmente do existir. Obrigada por tudo. Continue me escrevendo. Me dê notícias suas. Gosto muito de vc.
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