A menina cresceu. Depois de ver passado, presente e futuro diante de seus olhos, ela cresceu e não sabia o que fazer disso. Sentia-se perdida na multidão. Procurava amigos com quem pudesse conversar, mas não podia compartilhar todos os seus segredos numa terapia e nem um amigo podia-lhe ser terapeuta para tirar-lhe o medo de viver. E ela precisava juntar tudo, mas não sabia por onde nem como começar. Simplesmente não sabia como nem mesmo descrever. Deixava-se levar – pelas horas, lazeres, acontecimentos, orações, palavras, companhias, comidas, sonos, que, embora fossem abundantes, não pareciam nunca suficientes. Havia tanto medo naquele hiato entre uma coisa e outra, tanto medo de ser o que tinha de ser. Tanto medo de não ter mais perguntas. Era isso – faltava-lhe perguntas. Então ela se apegou à pergunta, talvez, desaprisionadora: qual pergunta faltava? E lhe vieram outras: será que as respostas encontradas eram mesmo certeiras? Seria possível refazer, reconstruir a si mesma passado, presente e futuro que pareciam agora tão cristalizados? Por onde ela começaria? Pelo presente e futuro, ela pensou... chega de passado, que passado reconciliado não precisa descristalizar. Era hora de se mexer pra refazer qualquer coisa mudar, em silêncio, dançando, cantando, poetizando, não importava. Havia chegado – aquela era a hora exata de agir. Aquela era a hora exata de se crescer-encontrar.
A Bebel me deixa com cara de pastel
Pastel de vento
Que é pra voar lá longe
Onde a tristeza nunca vai me alcançar.
*Pedro Antônio de Oliveira*
2 comentários:
e a menina soube que deve sempre haver mais perguntas que respostas.
Adorei seu texto.
bjoo
Obrigada pela resposta, Fernanda! Adorei! Deu à menina mais e mais perguntas!
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