É quando a vida inteira se mostra diante de nós que acontece o medo - é como olhar um oceano imenso e hesitar em ser, nele, rio desaguando. Sorte sermos tantos rios e nossas vidas outros tantos oceanos e podermos, a todo e a cada instante, escolher em qual deles desaguar.
Pois um rio, que só deságua em oceanos que o consentem abraçar, não pode controlar seu curso, embora possa, sim, exercitar paciência e deliciar-se em seus leitos e águas doces, antes que torne-se salgado, imenso e freqüentado por espécies e abismos vezes inescrutáveis, sem que deixe de ser o mesmo e próprio rio, agora em horizonte aberto, de selvagens e profundas marés cristalinas.
Que mais e mais oceanos abram-se sempre, diante dos nossos olhos e que aprendamos a paciência, a escolha menos doída, mesmo que não a mais fácil, e a superação dos medos. Porque é vivendo, desafiando-se, que aprende-se a aguar. Paciência e medo só nos servem a lembrar de que é sempre preciso (re)nascer e crescer rio, em sereno fluxo, antes de pretender marejar.
2 comentários:
A/mar é preciso.
Gostei. :D
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