Veja você, mesmo quando já está tudo muito bom, a meta é sempre melhorar. Talvez por prevenção, pra quando ficar ruim, - porque acontecem alternadamente esses momentos de ficar ruim - não ficar pior. Mas eu fico aqui pensando... será que adianta? Será que o bom e o ruim se alternam, necessariamente, por compensação... ou por proporção?
Na minha cabeça a vida parece ter sempre a densidade do mix de uma batida boa ou ruim. Ultimamente até que está bem legal. Por isso é que temo melhorar. Então eu vou confessar: tenho mesmo medo de orgasmos. Porque depois do clímax, o tesão vai começar a morrer devagar, até que o sexo acabe - mesmo que recomece, acaba, não me venha com essa! - e venha o depois, com o não-sei-o-que-fazer-de-tudo-isto. E o orgasmo tem também essa coisa toda de admitir que o bom todo dessa batida é compartilhado, vem de nós dois, nem mais de mim, nem mais de você. E eu perco todo o controle.
Depois do clímax, a batida geralmente vira uma mistura rala e sem graça e ninguém ensinou como se saboreia essa parte, então a gente engole porque fazia parte do pacote. Isso me faz pensar que a vida melhora demais é pra depois ficar ruim. Então eu me, lhe pergunto, está tudo tão supimpa... pra quê melhorar? Pare, pare logo, antes que eu goze!
Tá bom, tá bom! Eu sei que eu mesma já disse lá em cima que ficar ruim acontece e então é melhor ficar ruim depois de um orgasmo... mas convença disso o meu medo, convença! O que faço eu? Eu que sou ainda egoísta, ciumenta, e não aprendi a perder o controle nem a saborear os desfechos dos drinques... o que eu faço, se o orgasmo que mais me doeu foi o de nascer e depois dele, acabo achando que todos os outros têm, por tabela, potencial pra dor e pra fim?
Com fé, um dia me acostumo - e/ou, com hábito, um dia acredito. Por enquanto... confesso.
"É a vida quem alimenta a morte até o segundo insustentável. Eu não sei em quantos segundos a morte vira um copo de água ou se ela me comeria ali mesmo em orgasmos agudos que me doem por dentro da vida. " (Rita Apoena)
Com fé, um dia me acostumo - e/ou, com hábito, um dia acredito. Por enquanto... confesso.
"É a vida quem alimenta a morte até o segundo insustentável. Eu não sei em quantos segundos a morte vira um copo de água ou se ela me comeria ali mesmo em orgasmos agudos que me doem por dentro da vida. " (Rita Apoena)