quarta-feira, 20 de abril de 2011

SOBRE A INGRATIDÃO

Eu não vou pedir desculpas por corações partidos, até porque um dos que tem frequentemente sangrado por aqui é o meu. Vim mesmo foi pra dizer que meu sangue coagulou nas veias quando percebi que o jogo havia realmente acabado pra mim. Você, ao meu lado, confessando-se, amistosamente, em vias de apaixonar-se por um pobre quase(?) marginal. GAME OVER. Um cara que a quaisquer olhos seria julgado tão menos que eu. Se é, eu não sei. Mas teve você. Eu não. Com toda a volúpia que nós dois merecemos, eu não tive nada, além do seu desejo devorador, lancinante, e de dois beijos. X igual a dois - foi a equação da nossa história. Seus "olhos de ressaca" não me permitiram uma aproximação maior do que dois beijos. Lugar de "olhos de ressaca" é em pedestal e você mesma já rogou os criadores de pedestais como indignos. Ai de mim, que não pude olhar você nos olhos com essa força magnética de que só os pobres marginais são capazes. Pobre marginal é você(!), que encontrou por seus caminhos seu par, de bagagens prontas. As minhas ainda estão por aqui, entulhadas. Não peço desculpas, porque nem sei se houve, a mim, salvação - não sei se me resignei a ser um pobre medíocre (pois pobres de todos nós) ou se ainda estou esperando a coragem em me arriscar à marginalidade a que seus olhos magnéticos e beijos lascivos me convidaram. Infeliz de mim(!), creio, entulhado, continuar na fronteira. Não peço perdão porque, por aqui, o coração que sangra, frequentemente, ainda é o meu.

"Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros. Não se digere amor, não se cospe amor, amor é o engasgo que a gente disfarça sorrindo de dor." (Tati Bernardi)



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