terça-feira, 24 de maio de 2011

COMO

Estou cansada, exausta, de me esforçar para simplesmente ser eu. Parece para as outras pessoas ser tão fácil, tão fluido, os dias são leves e o que exaure é o trabalho, a rotina. Em mim o que exaure são os poros, a pele, é o dever de exercitar o hábito de ser quem eu sou, de manter uma linha reta sob os meus próprios pés e caminhar serena e firmemente sobre ela, venha o que vier. É pesado suportar os sopros, imagine então os vendavais. Dá vontade de me esconder num cantinho secreto, quentinho e escuro, abraçada a alguém que entenda o que eu digo e nunca mais soltar. Mas não, quem eu sou quer abrir o peito e enfrentar a tempestade e o que quer que venha, quer fazer da linha reta a direção, do horizonte o destino e do medo a companhia em carcaça. Quem eu sou, mesmo cansada, assustada, ansiosa, vai continuar lutando e um dia chegará - sorrindo, tremendo, com as mãos geladas, buscando aquecimento e esteio, vai. Porque, mesmo com toda dificuldade do mundo, quem eu sou, parida de mim mesma, a cada novo instante, sofregamente, enfim, é.

3 comentários:

Lívio Soares de Medeiros disse...

Seja, Gabriela. Continue sendo. E uma dia verá que as coisas estão, mas você é.

Gabriela Maria disse...

Obrigada, Lívio. Abração pra você.

Manoel Almeida disse...

Fazer da linha reta a direção,
do horizonte o destino,
do medo a companhia em carcaça.

Parabéns, Gabi, versos inspirados e inspiradores.