domingo, 16 de agosto de 2009

CARTINHA DE AMOR

Se eu pudesse, guardava você bem escondido, numa caixinha... e não deixava nada nesse mundo lhe aborrecer, entristecer, desesperar. Não deixava nada de ruim atingir você. Abraçava-lhe forte e não soltava mais. Até a gente pôr tudo pra fora com choro, risada e suspiro... e gastava toda essa inquietação nossa com piadas, amizade, sexo e rock n’ roll.

Se eu pudesse, lhe batia até não sentir mais vontade de bater. Até você parar com essa coisa de se agredir achando que vai agredir o resto do mundo. O resto do mundo não se agride, não; só esta parte pequenina minha, que nessas horas queria não existir. Se eu pudesse, você não me provocava nem mais ódio, nem amor, nem desprezo, nem preocupação. Se dependesse de mim, nada disso seria tão puro, e eu não lhe desejava o melhor do mundo que, Deus sabe, você merece, mesmo insistindo em ter o mínimo do mínimo. Se eu pudesse, contaminava essa pureza do que sinto com um monte de pretensões, e ciúme e sentimento de posse e egoísmo e essa coisa toda que o mundo aprende a sentir pelo resto do mundo, o resto da vida.

Se eu tivesse dinheiro, e se dinheiro comprasse, eu lhe comprava uns óculos com lentes mágicas de vida, pra você enxergar, aceitar e se importar com o que realmente importa. E se eu tivesse força, lhe obrigava a usar esses óculos e a só olhar pra frente e a seguir comigo nestes caminhos longos e estreitos, em vez desses atalhos largos, de última hora, tão costumeiros, que nunca dão em lugar nenhum. Porque sozinha tambem não é fácil.

E tirava uma foto sua com a minha imaginação, fazia um pôster pra você carregar na carteira e se olhar toda hora, até acreditar nessa beleza que você sempre recusa. E depois disso tudo, eu não precisava ver você nunca mais, se isso me desse certeza de que tudo ficaria feliz para sempre. Se eu conseguisse, salvava sua vida com versos, como tenho tentado, duramente, salvar a minha própria. E me teletransportava praí, obrigava você a ler até este desabafo acabar, porque sinto que a culpa disso tudo é toda nossa.

Se eu pudesse, você já era feliz. Mas sò o que eu posso é tentar ser. Todo o resto é com você.

E se ainda tem alguém aí, avise que eu ainda estou aqui.

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