domingo, 16 de agosto de 2009

SOBRE A MINHA CACHORRINHA

Eu a queria no meu colo, me abraçando, o dia todo, o tempo todo. Queria saber dela o que ela pensa, o que sente quando fixa os olhos em qualquer coisa, quando fixa os olhos em mim; o que ela sonha e por que escolhe determinadas situações. Saber se ela sente mágoa por eu tê-la, de alguma maneira, negligenciado, quando ela chegou. E poder explicar meu medo extremo de perdê-la, porque ela ficou doente; as minhas fraqueza e covardia; o fato de não saber ainda perder quem amo, sem me perder junto. Que eu tentei, sim, não amá-la, mesmo querendo ser capaz. E que, a despeito de tudo isso, hoje não suporto mais imaginar minha vida sem ela, mesmo sabendo que deveria suportar.
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Então sinto-me grata por ela não entender nada disso e até desejo que ela, de fato, não entenda. Seria denso demais pra ela, talvez a sufocaria, aprisionaria. E eu amo a espontaneidade do amorzinho ingênuo, despretencioso e tão lindo, que ela dispõe a mim. Embora às vezes também me pareça que ela se pergunta o que eu penso, o que significa tudo isto, por que algumas coisas não são melhores, por que eu me sinto tão triste, se alguns dias são perfeitos para brincar.
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"Esta sede insaciável de não sei o quê." (Mário Quintana)

2 comentários:

Patrícia disse...

"(...)hoje não suporto mais imaginar minha vida sem ela, (...)"

essa frase me foi íntima.
mas com o tempo consegui exercitar a imaginação, e vi que sempre a imaginaria como era, e nada iria mudar essa lembrança.


porque ela era
e não é mais nada além do que minha imaginação permite

Lívio disse...

Se ela soubesse ler, penso que ficaria feliz ao ler este texto...

Em tempo: show de bola, a foto acima. E parabéns pelo visual do blogue como um todo.